Nesta sexta-feira, 06, após 11 dias, o julgamento dos ex-policiais rodoviários federais envolvidos na morte de Genivaldo de Jesus Santos, na BR-101, em Umbaúba, no ano de 2022, chega à fase final, no Fórum de Estância. A sentença deve ser proferida hoje.
Os três policiais deram o depoimento sobre o ocorrido no dia da abordagem desastrosa e os relatos deles foram divulgados pelo G1/SE. No dia do ocorrido, a PRF realizava um trabalho de fiscalização na rodovia, com foco em abordagem a motociclistas.
William Noia relatou aos presentes que iniciou a abordagem a Genivaldo sozinho, e que ele – que não utilizava capacete – não obedeceu aos comandos, sendo necessário o reforço da equipe.
Ainda segundo ele, em nenhuma de suas intervenções teve a intenção de provocar a morte de Genivaldo. Ele contou que só percebeu o uso da bomba de gás lacrimogênio, após ela ter sido acionada pelo colega, Paulo Rodolpho.
Em seu depoimento, Paulo Rodolpho contou que foi auxiliar o colega William na ocorrência, sendo que ele já estava ao chão com Genivaldo, tentando contê-lo, numa situação crítica, segundo ele; diante da situação, Paulo decidiu usar a bomba de gás, não avisando sobre o artefato aos outros dois agentes.
O ex-policial disse também que não tinha o propósito de causar a morte e sim, de conter Genivaldo. Ainda segundo Paulo Rodolpho, ele só utilizou a bomba porque confiava no equipamento; o ex-agente falou ainda que entraria no porta-malas de uma viatura com gás lacrimogênio porque confia em tudo o que lhe foi ensinado.
O último a depor, Kleber Nascimento contou que no dia do acontecido estava doente, mas decidiu ir trabalhar mesmo assim. O ex-PRF disse que em sua carreira, nunca atendeu uma situação com tanta resistência como aquela.
Kleber confirmou que fez o uso de spray de pimenta por, pelo menos, cinco vezes durante a tentativa de conter Genivaldo e disse também que tentou reanimá-lo.
Dos três réus, apenas Paulo Rodolpho respondeu aos questionamentos feitos pelo Ministério Público Federal (MPF).
Ao longo do julgamento, quase 30 testemunhas prestaram depoimento, incluindo familiares de Genivaldo, pessoas que presenciaram o acontecido, peritos, médicos e também outros policiais.
Os réus são acusados pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado. Eles estão presos desde 14 de outubro de 2022, e foram demitidos da PRF após determinação do Ministro da Justiça.
Em maio de 2022, Genivaldo Santos foi trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à inalação de gás lacrimogêneo, na BR-101; a ação foi filmada e o caso gerou grande revolta e repercussão, em todo país.